Jornal da tarde – Mais consumidores trocam de operadora de celular

Atraídos pelas promoções das empresas de telefonia, 2,6 milhões de clientes usaram a portabilidade, migrando para a concorrente sem mudar o número, no primeiro semestre, ante 1,8 milhão do mesmo período de 2009

Carolina Dall’Olio

Em seu segundo ano de vigência, a portabilidade – que permite aos clientes da telefonia fixa ou móvel mudar de operadora sem ter que trocar o número da linha – ganhou mais adeptos. Quase 2,6 milhões de consumidores solicitaram a transferência no primeiro semestre de 2010, ante pouco mais de 1,8 milhão no mesmo período de 2009 (veja quadro).

A medida entrou em vigor em setembro de 2008. De lá para cá, 5.748.636 pessoas fizeram a migração. O número, entretanto, ainda é pequeno se comparado ao universo total de usuários. Representa menos de 3% dos cerca de 226 milhões de clientes de telefonia fixa e móvel.

O procedimento de troca é simples. Basta solicitar a migração à nova operadora e aguardar, no máximo, três dias. Não é preciso sequer telefonar para a empresa antiga ou pedir o cancelamento. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informa que o único inconveniente possível da mudança é o telefone ficar inoperante por duas horas durante a migração.

Mas se é tão fácil assim fazer a transferência, porque os números da portabilidade ainda são baixos? Certamente não é porque os consumidores estejam satisfeitos. De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria CVA Solutions com mais de 4 mil usuários de telefonia móvel, 65% afirmam que prefeririam ser clientes de outra operadora.

“O serviço de telefonia, em comparação com outros, é muito mal visto pelos consumidores. Entretanto, mesmo com a possibilidade de poder mudar de empresa, muitos ficam onde estão por acharem que, na outra operadora, o quadro não vai melhorar muito”, afirma Sandro Cimatti, diretor da CVA Solutions. Na telefonia fixa, o problema é ainda mais grave, já que praticamente não há concorrência. Só Telefônica e NET oferecem o serviço no mercado.

“Então, o que acaba motivando a migração, na verdade, não é qualidade do serviço, mas sim as vantagens que ele pode ter com a mudança”, diz Cimatti. A pesquisa da CVA Solutions mostra que 53% dos consumidores que fizeram a portabilidade estavam atrás de promoções e novos aparelhos. O Segundo motivo mais popular foi o preço das tarifas, com 50% das respostas.

As operadoras sabem disso – e apostam nas promoções. Na Vivo, por exemplo, o cliente de plano pós-pago pode ganhar até 4 mil minutos de bônus todo mês. Na Claro, há ofertas especiais de aparelhos, entre outras vantagens. Oi e TIM já preferem anunciar pacotes ilimitados – Oi à Vontade e TIM Infinity –, em que o cliente também pode economizar.

A maior parte das promoções é destinada a clientes pós-pago. Afinal, são eles os mais rentáveis para as empresas. Mas os consumidores com celulares pré-pagos também são atendidos. Na maior parte das vezes, ganham bônus nas ligações.

Diante de tantas ofertas com a falta de padronização no sistema de cobrança do serviço, fica difícil comparar os planos e definir qual é o melhor para o seu caso (leia as dicas abaixo). O arquiteto João Almeida Magalhães, de 36 anos, bem que tentou. Em junho de 2009, Magalhães decidiu abandonar o plano pós-pago da Vivo e aproveitar uma promoção da Claro. Ganhou um aparelho novo, mas não percebeu que o plano escolhido era mais caro que aquele que possuía antes. A conta, então, pesou no bolso.

Agora, quase 12 meses depois da troca e perto de se livrar da cláusula de fidelidade, Magalhães quer usar a tática novamente. Dessa vez, vai ver o aparelho que a Vivo lhe oferece para que ele volte para o plano antigo e reduza sua fatura. “Não sei se estou fazendo o certo, mas não tenho nada a perder, só a ganhar.”

COMO COMPARAR OS PLANOS

– Pegue as contas de seu celular dos últimos seis meses e faça um cálculo da quantidade de chamadas realizadas ao mês

– Verifique o tempo médio que você gasta em cada ligação e converta essa quantia em minutos. Isso vai facilitar a escolha, uma vez que os planos mais econômicos são baseados em franquia de minutos

– Contabilize as chamadas locais. Faça o mesmo com as interurbanas, subdividindo-as em dois grupos: um para quando o primeiro dígito do DDD for igual ao DDD de origem e outro para quando for diferente

– Divida os tipos de ligações conforme o número receptor: telefone fixo, celular da mesma operadora e celular de outra operadora

– Verifique o horário em que mais realiza suas chamadas: normal (7h às 21h, de segunda a sábado) ou reduzido (21 às7h, de segunda a sábado, domingos feriados)

Consulte a tabela de tarifas das operadoras de celular e de longa distância de seu interesse para efetuar os cálculos
– Você também pode consultar o site da Pro Teste (www.proteste.com.br). Vá ao link ‘simuladores’ e descubra qual plano é mais indicado ao seu caso