Valor Econômico – Ipiranga reforça liderança em conveniência

Desafio será elevar eficiência das lojas da Ale, que estão sendo incorporadas

ANDRÉ RAMALHO | RIO

Além de sustentar o crescimento das vendas de combustíveis da Ipiranga, a expectativa é que a compra da Ale traga ganhos para a distribuidora do grupo Ultra também no mercado de conveniência, que tem crescido na contramão da retração do comércio. A previsão é que a Ipiranga consolide sua liderança nesse setor, no momento em que a Petrobras, de olho em um sócio para a BR, acena para o aumento da rentabilidade a partir da expansão das lojas BR Mania.

De acordo com dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), a Ipiranga pode abocanhar uma fatia adicional de 3% do mercado de conveniência com a incorporação da rede de lojas da Ale. Com isso, a distribuidora do Grupo Ultra aumenta sua posição de liderança e atinge uma fatia de 30% do setor – que atingiu em 2015 receitas de R$ 6,7 bilhões, uma alta de 11,4%.

Para o sócio-diretor da consultoria CVA Solutions, Sandro Cimatti, o desafio para a Ipiranga será, a partir de agora, elevar a rentabilidade das lojas da Ale, que tem os índices de eficiência mais baixos entre as líderes de mercado.

“A Ipiranga é a bandeira que mais consegue fazer com que o cliente consuma mais serviços além do combustível. Já a Ale não é muito boa [nisso], mas permite à Ipiranga crescer um pouco. O que a empresa precisa fazer agora é rapidamente elevar a eficiência dos postos da Ale para o padrão Ipiranga”, comentou.

A incorporação da Ale vem reforçar a liderança do grupo Ultra em conveniência, no momento em que a BR aposta fortemente no setor. Em 2015, a Petrobras destacou-se ao ampliar em 1,1 ponto percentual sua participação de mercado e abrir mais lojas que seus concorrentes.
“A marca BR passou por muito desgaste [com as denúncias da Lava-Jato]. A tendência, agora, é melhorar. Acho que [a Petrobras] vai buscar rentabilidade [para vender parte da empresa] e isso passa pela conveniência”, disse Cimatti.

A aposta na conveniência é importante para a sustentabilidade dos postos frente à queda das vendas de combustíveis. Os dados do Sindicom mostram que o setor está mais rentável: o faturamento mensal ponderado por loja cresceu 8,9% em 2015, enquanto o tíquete médio (o gasto médio de cada consumidor ao entrar na loja) subiu 22,5% entre as líderes Ipiranga, BR, Raízen e Ale.

“O consumidor está gastando mais na loja. Está saindo provavelmente de outros varejos para entrar na conveniência. Isso reflete um aumento da oferta de serviços de alimentação”, afirmou o diretor de mercado e comunicação do Sindicom, César Guimarães.

Ainda segundo o Sindicom, embora o consumidor esteja levando menos produtos por visita às lojas de conveniência, houve aumento no número de visitas aos pontos de vendas. Para Cimatti, contudo, a expectativa é que 2016 seja um ano mais difícil para o setor. Ele evita fazer projeções, mas diz acredita que o mercado de conveniência vá continuar descolado da queda das vendas de combustíveis.